segunda-feira, 2 de abril de 2012

Escrever um cordel

É difícil saber a origem da literatura de cordel. Para alguns, ela existe desde a Antiguidade; para outros, surgiu apenas durante a Idade Média, na Europa. Bastante popular, o cordel era apresentado pelos trovadores, que recitavam, de vila em vila, histórias de feitos
importantes. Com o tempo, as narrativas passaram a ser transcritas em folhetos, que eram pendurados em cordas (daí o nome "cordel") para que as pessoas os lessem e comprassem.
Trazido pelos portugueses durante o período colonial, o cordel se fixou no Nordeste, onde continua presente até hoje. Os autores, chamados de cordelistas, acompanham os versos com música de viola. As rimas e a música facilitam a memorização e a repetição. Desde que apareceram, tivemos importantes cordelistas, como Leandro Gomes de Barros (o primeiro cordelista a publicar no Brasil), João Martins de Athayde,
Manuel Camilo dos Santos, Cego Aderaldo e Patativa do Assaré.
Geralmente os folhetos trazem ilustrações em xilogravura. A linguagem utilizada é popular, muito parecida com a fala, e os temas variam bastante. Os cordéis podem tratar tanto de feitos heróicos, de questões políticas ou sociais, quanto de pessoas conhecidas e de assuntos do cotidiano.
Nos primeiros anos de nossa república, o cordel era uma importante forma de comunicação entre a população nordestina. Lampião e Padre Cícero foram alguns dos personagens recitados pelos cordelistas
Agora é com você. Você e seus amigos vão compor um cordel sobre algum acontecimento do início do período republicano brasileiro.
Abaixo, um exemplo da literatura de cordel:
Brasi caboco

"O qui é Brasí caboco?
É um Brasi diferente
do Brasí das capitá.
É um Brasi brasilêro,
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná! [ ... ]

Brasi caboco num come
assentado nos banquete,
misturado cum os home
de casaca e anelão ...
Brasi caboco só come
o bode seco, o feijão,
e as veiz uma panelada,
um pirão de carne verde,
nos dias da inleição
quando vai servi de iscada
prus home de posição. [ ... ]
É esse o Brasi caboco.
Um Brasi bem brasilero,
sem mistura de instrangêro
Um Brasi nacioná!
Brasi, qui foi, eu tô certo
argum dia discuberto,
pru Pêdo Arves Cabrá,"

Brasi caboco. Zé da Luz (1904-1965).
Citado em Academia Brasileira
de Literatura de Cordel.
Disponível em www.ablc.com.br.
Acesso em 30 mar. 2009.
Passos para escrever o cordel

- Formar um grupo de 3 ou 4 alunos.
- Pesquisar, na internet e em outros livros, mais
informações sobre literatura de cordel.
- Registrar no caderno as principais características
da literatura de cordel.
- Ler alguns cordéis, identificando o ritmo e as
rimas usadas.
- Escolher o tema do cordel que será escrito,
dentro da seguinte lista: cangaço, República
das Oligarquias, Revolta da Chibata, movimento
operário na Primeira República, abolição da
escravidão, proclamação da república, Guerra de
Canudos.
- Pesquisar o tema escolhido em livros e na
internet.
- Registrar no caderno as principais informações
sobre o tema.
- Redigir os primeiros versos, incluindo neles as
informações pesquisadas.
- Trabalhar cuidadosamente os versos, respeitando
o número de versos de cada estrofe, o sistema de
rimas e o uso da linguagem popular.
- Elaborar ilustrações para o cordel.
- Montar o folheto, misturando o texto e as
ilustrações.
- Cada grupo deve apresentar seu cordel para a
classe e pendurá-lo no cordão que o professor
esticará na sala, junto com os cordéis dos demais
grupos.

Atividade sugerida no livro Projeto Araribá- História- Editora Moderna- 2ª edição- 2007 p.72 e 73.

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